Os bons e os maus

Há já algum tempo que andava a pensar em deixar qualquer coisa escrita sobre este tema. Mais exactamente sobre a forma como a história maniqueísta nos é ensinada com este binómio simples...Há uns bons e há uns maus e pronto!!!

Já viram quantas guerras se justificaram com isto??? Não é difícil de perceber porquê....Um homem (ou mulher) só vai para a "morte" se tiver uma boa desculpa (isso e se não tiver desenvolvido sentido crítico) e nada melhor que simplificarem isso e dizerem:
- Aqueles são os maus e nós somos os bons

Claro que o mesmo é válido para a "facção" oposta:
- Eles que nos vêm atacar é que são os maus e nós os bons!!

No fundo tudo se resume a uma história de recreio de índios e cowboys, só que os "players" já não são crianças e o objectivo não é ganhar ascendente social na escola. Estamos a falar em adultos que querem mesmo é guita! e a qualquer custo!

Decidi colocar aqui este post também porque estamos a passar mais uma data importante para Portugal e para perceber porque é que o meu povo é o que é hoje em dia. Infelizmente as pessoas não querem perceber as reais consequências do 25 de Abril, optam por engolir a 1ª camada de informação e o restante é deitado fora porque obriga a pensar muito e a confrontar com outras situações. Já viram que hoje em dia resumiu-se o 25 de Abril a bons e a maus, mas quem realmente o fez, quem realmente revolucionou está ausente, está calado.

Um exercício muito importante (na minha singela opinião) é a leitura deste livro;
"Mitos de Uma Revolução" de Maria Inácia Rezola
O objectivo do livro é a desmistificação do 25 Abril. É dar voz À VERDADE, é dar a perceber a cambada de chupistas que se aproveitaram do golpe mitlitar para ganhar prestígio e claro, guita...mas acima de tudo, para aproveitar a oportunidade de substituir a cadeira do poder e isso, minha gente, foi muito bem conseguido, especialmente por uma das personagens que mais mal fez ao país e que mais enganou os portugueses.

O ponto importante é que na guerra na maior parte das vezes não há bons nem maus. A linha que divide esta adjectivação pura e simplesmente não existe (reforço o "a maior parte das vezes") e ao invés de se procurar saber a verdade, opta-se por acreditar no que alguém diz como tendo acontecido e aí reside a culpa....se nós nos desresponsabilizamos em nome de outrém, então não temos moral para nos queixarmos...e isso é uma falha que eu não quero ter.

Comentários

gonca disse…
Pegaste num assunto que há já algum tempo queria deixar no meu blog, ainda para mais nesta altura que seria a ideal.

Refiro-me obviamente ao 25 de Abril, à sua representação na Sociedade Portuguesa e, como desse livro que bem falaste, descrever um pouco a origem do, talvez, maior Mito da história contemporânea portuguesa.

Fico incrédulo a ouvir palavras de ordem, a ver cravos, músicas cantadas pelo Zeca Afonso, Sérgio Godinho, com PCP à mistura, "LIBERDADE","DEMOCRACIA", "ABAIXO A DITADURA", "Revolução dos Cravos" e outras tantas imbecilidades....quando na verdade isso foi apenas e, somente apenas, o resultado de um golpe militar,contra as políticas tomadas em volta da guerra ultramarina.

Já para não falar dos interesses escondidos por parte das altas patentes em relação a algumas políticas, nomeadamente por parte dos "meninos" do Colégio Militar, que começaram a ver os seus direitos igualizados aos de outros oficiais de patentes inferiores da Academia Militar.
Esses coitados(da academia) que, por falta de Capitães (com eles no sítio) para ir para a Guerra, eram praticamente "lançados" aos cães com patentes dadas à força (porque era necessário comandar pelotões), mas que para os que cá estavam na secretária(Coleg.Militar), não era visto com muito bons olhos...
Enfim, coisas que não saem para fora... isto não se ensina nas escolas porque é politicamente incorrecto. Mas passou-se...

Por alguma razão a tomada foi organizada pelos famosos "Capitães de Abril"...

Houve então uma cambada de chupistas, como bem disseste, muitos que fizeram parte na altura das chamadas Brigadas Revolucionárias, apoiadas pela Acção Revolucionária Armada criada na altura pelo PCP que, em vez de fazerem algo de produtivo, andavam a lançar bombas em navios e bases militares portuguesas, justamente para prejudicar aqueles que andavam a morrer em África. Muitos desss coitados foram, na altura, os nossos pais, tios, etc.

E depois a PIDE prendia uns quantos e era muito mazinha...

Conclusão, essa escumalha de marmelos aproveitou-se toda da movimentação para voltarem para o País, ou sairem das tocas, justamente para ocupar cargos que à muito andavam a cobiçar.

A (des)informação em torno do 25 de Abril só acontece porque o povo come o que lhe aparece à frente. Mas não é só nisto. É nisto e em muitas outras coisas.

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