Literatura de casa de banho vs blogosfera


Já repararam que deixou de existir literatura de casa de banho??
Daquela que se encontrava escrita nas portas das casas de banhos dos cafés, especialmente naqueles nas nacionais que eram ponto de paragem dos autocarros, como a Chaminé por exemplo.

Esta característica tão nossa, do poeta desconhecido ou apenas de pura criação no momento mais "nosso" que existe, está realmente a perder-se nos WC's.

Frases como:

"O amor é cego
o amor é mudo
mas a vontade de cagar
vem acima de tudo"

ou

"aqui até os mais fortes se cagam"

já não constam das memórias das gerações mais jovens! Eles já não sabem o que é estar a "obrar" naquelas casas de banho e ignorar o estado deplorável de higiene que lá grassava, porque estávamos apenas concentrados em tentar descortinar novas frases, por vezes até a tentar interpretar ou perceber o que lá estava escrito ou pura e simplesmente divertidos a ler as mensagens cravadas sabe-se lá quando e por quem e quando! Já não têm aquela experiência de estarem "sugaditos" no relax do momento e um total desconhecido no compartimento ao lado, de repente desatar aos risos ou até começar a ler uma cena qualquer e toda a gente que estava na casa de banho se rir do que ele leu!

Não estou triste com o seu fim, porque considero que este impulso de escrita não se perdeu, apenas se transformou e mudou de forma. Hoje em dia a blogosfera veio tomar este espaço!! Aqui realmente temos o mesmo processo catártico de pura criação literária e opinativa. Podemos dizer o que queremos em mais palavras e atingir um público muito maior que o da casa de banho!

Só um outro pormenor. Este foi o 125º post aqui da tasca! Muito para aqui se escreve e na maior parte das vezes mal, bem sei, bem sei! Mas neste último dia de 2010 depois duma noite muuuuuuuuuuuito líquida, vou poupar a clientela e até 2011!

A quem vem cá um obrigado e não se esqueçam que "Da uva também se faz vinho!"

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