História da Oktoberfest

A Oktoberfest:

Esta tradicional Festa de Outubro começou há já cento e noventa e seis anos com um casamento. A 12 de Outubro de 1810, o príncipe-herdeiro Ludwig I, festejou o seu casamento com a Princesa Theresa von Sachsen-Hildburghausen. As bodas, para as quais foi convidada toda a população de Munique, tiveram lugar num descampado fora das portas da cidade, a que se deu nome de Theresienwiese (Campo de Therese), ou somente Wies'n - em honra da noiva. Os festejos das bodas, a 17 de Outubro, terminaram com uma corrida de cavalos a que assistiu a família real bávara. (tanto que em Therensienwiese está uma estátua alusiva a este facto, com uma mulher com uma coroa de louros a conduzir uma quadriga)

Logo nesse instante, o rei decidiu repetir a corrida no ano seguinte, e foi assim que nasceu a "Festa de Outubro".

Em 1811, paralelamente à corrida cavalos, realizou-se uma feira agrícola para mostrar publicamente os bons produtos agrícolas bávaros. Em 1938, a corrida de cavalos desapareceu da Theresienwiese, mas a festa da agricultura continua a ter lugar de três em três anos no mesmo local.

Voltemos, porem, a história da festa da cerveja. Nos anos seguintes à boda do príncipe-herdeiro, os divertimentos durante a corrida de cavalos eram poucos. Em 1818, apareceram o primeiro carrossel e dois baloiços; nalgumas tendas pequenas, cujo número foi crescendo ano após ano, ia-se vendendo cerveja. Em 1896, surgiram os primeiros "castelos" (actualmente podem tb chamar-se de tendas) de cerveja, erigidos pelas cervejarias locais, e com eles mais bancas de divertimentos. A partir de então, a feira - que já foi interrompida vinte e quatro vezes por motivos vários, como as epidemias de cólera em 1854 e 1873 ou durante as guerras - nunca mais parou de crescer, quer em locais de diversão e comidas e bebidas, quer em número de visitantes, sendo hoje em dia a maior festa popular do mundo. No ano passado, venderam-se 6 milhões de Mass (canecas de cerveja de 1 litro) durante os dezassete dias da festa, que foi visitada por cerca de 6.1 milhões de pessoas!

É divertido ir à Festa da Cerveja - nem que seja uma vez. E eu sei que voltarei. Neste caso, aplica-se bem o provérbio "ver para crer". Talvez tenha já muita estrada para conseguir apreciar aquele consumo de cerveja nos (cada vez maiores) "castelos/tendas" das cervejarias, no meio de um barulho quase infernal. A banda, no centro ou nos lados dos "castelo/tendas", toca música tradicional alemã e música ligeira moderna, que é acompanhada em coro pelos milhares de pessoas que lá se encontram, que se balouçam sentados nos bancos corridos, chegando mesmo a dançar em cima dos bancos e... das mesas. Encontrar um lugar numa mesa e tarefa bastante árdua e, muitas vezes, inglória; quase todas as empresas de Munique e arredores reservam mesas (a reserva implica o consumo de um número fixo de Mass e de frangos ou perna de porco grelhados), para visitas em conjunto dos seus empregados e convidados.
Muitos ganham com esta festa. A cidade enche-se de turistas nacionais e estrangeiros, o que é muito bom para a hotelaria e restauração - cada Mass custa este ano € 7.50! E, claro, para os empregados dos "castelos" que ganham, só em gorjetas, mais na feira do que durante todo o ano nas cervejarias. Conheci até uma médica a trabalhar na Africa do Sul que tirava sempre férias em Setembro/Outubro, para ir trabalhar, como sempre o fizera enquanto estudante, como empregada de mesa num "castelo" durante a Feira da Cerveja - as gorjetas que recebia cobriam as despesas de deslocação e ainda sobrava muito!

Já quase ninguém concebe o seu dia-a-dia sem (pelo menos) uma cerveja. Só em Munique, existem seis grandes fábricas de cerveja. O método utilizado no fabrico da cerveja é ainda o mesmo de 1328, ano em que se encontram as primeiras inscrições sobre esta bebida. A cerveja foi também desde sempre considerada uma fonte de força e saúde; assim, em 1487, o duque Albrecht IV decretou para Munique a "Regulamentação da Cerveja", adaptada em 1516 pelo duque Wilhem V para a famosa "Lei da Pureza" (Reinheitsgebot), que ainda hoje se aplica no fabrico da cerveja e que tem sido "cavalo de batalha" na UE.
Segundo esta lei - a lei de géneros alimentícios mais antiga do mundo - a cerveja só pode ser fabricada usando lúpulo, cevada e água, ou seja, a lei alemã proíbe a adição de conservantes químicos. Cervejeiros alemães têm sempre cumprido esta lei e conseguiram a proibição de importação de cervejas estrangeiras cujo fabrico não obedeça a estas regras. No entanto, a UE começou a levantar problemas à Alemanha e a obrigar este país a autorizar a importação de cervejas vindas de estados-membros, fazendo valer o artigo da UE que defende a livre circulação de mercadorias.

Foi também o duque Wilhelm V que fundou, em 1589, a cervejaria mais famosa entre os turistas: a Hofbrauhaus, situada desde os finais do século passado no coração da cidade, no largo chamado Marienplatz! Beber uma cerveja nesta cervejaria fica na memória de todos quantos lá passam - e chegam a ser entre 15 000 e 30 000 por dia! As empregadas vestidas com os seus vestidos típicos - os Dirndl - carregam várias canecas de litro de uma só vez, bem agarradas ao peito. A banda toca musica popular alemã e consegue par toda aquela gente a vibrar, cantando e balouçando-se nos bancos corridos - o que não e difícil de imitar após algumas canecas de cerveja. A Hofbrauhaus (casa da Hofbrau) tem 3 pisos e a partir das 20h tem sempre uma média de 5 mil pessoas.

Assim se compreende a frase encontrada num pergaminho do mosteiro de S. Tomás: "Quando um homem bebe uma caneca de cerveja, o mundo e a história dos antepassados dissolvem-se no seu espírito".
A festa é também de cariz amoroso. Nesta altura há uma predesposição para tal. Senti no ar aquela onde de amor, de procura dele ou de satisfação por o ter a seu lado. Nos olhos das pessoas com quem falei era fácil observar o que a festa lhes origina em termos de sentimentos.
Naquele "caldeirão" de mistura explosiva - pessoas e álcool - são raríssimos os casos de violência ou até de mau comportamento, não só há muita tolerância como também existe muita alegria e muita vontade de não se estar sozinho na festa.
Por todo o lado se vêem barracas de diversão com prendas alusivas ao amor, ou doçarias com os mesmos motivos que as pessoas oferecem ou até floristas para que nunca faltem rosas...
É giríssimo ver no meio de toda aquela gente, famílias inteiras a almoçar ou simplesmente a irem-se divertir em toda a parafernália que para lá existe (feira popular que mais parece a Isla mágica).
É difícil por vezes nós apercebermo-nos de algumas coisas, no meio daquele rebuliço e de todas aquelas distracções mas se tivermos a capacidade de nos isolarmos e olhar com olhos de ver, então talvez possamos ter consciência do que está por detrás de todo aquele aparato, de quais são realmente as motivações.
Da próxima vez que lá vá provavelmente trarei mais conhecimentos mas o que importa agora mesmo é.....apenas ser o que somos...Venham daí 3 litrosas para a tasca.

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