Um dos sinais macro-económicos de salubridade financeira (entre muitos) é o nível de endividamento das famílias (inversamente proporcional á poupança).

Fala-se muito do nível de dívidas que as famílias portuguesas têm e que isso é um reflexo da nossa incapacidade de proporcionar salários ao nível da média europeia. Sempre achei que isto era uma treta, mas este texto:

El País Semanal, 11/06/2006“Quero isto e quero-o já!”

é o título de uma reportagem que dá conta de um fenómeno global: o consumismo. Embora 59 por cento dos espanhóis admitam que mal conseguem esticar o ordenado até ao final do mês, o consumo não pára de aumentar. Os nossos vizinhos gastam, em média, mais 10 por cento daquilo que ganham. Os electrodomésticos e móveis estão no topo da lista de bens adquiridos, seguidos de carros, motas, computadores e material electrónico. “O ritmo a que crescem as nossas necessidades é hoje muito mais acelerado que o ritmo a que ganhamos dinheiro para pagá-las”, observa um especialista em “marketing”.

É um perfeito exemplo que como este factor se está a espalhar pela europa do sul (agora que nos vamos aproximando cada vez mais da "europa").

Importa assim e mais uma vez, não ter memória curta e perceber o que aconteceu ao japão e ás emergentes (na altura, meados dos anos 90) economias que despontavam (coreia, indonésia, etc..). A tal crise do sudoeste asiático, da qual o japão ainda está a sofrer consequências....

Através de ferramentas económicas, as crises já não são conjunturais e de curto prazo. São apenas ciclos de "arrefecimento" baseados na maior parte das vezes em especulações de grupos de interesse..já me estou a divergir do assunto....sorry.... :)

O endividamento das famílias representa um indicador muito importante na economia, pois está associado ao índice de Procura interna. Se o consumo das famílias aumenta é algo de muito positivo para a nação, contudo importa verificar se esse consumo é efectuado via dinheiro "vivo" ou com recurso ao crédito...porque se for o último caso, então estamos a verificar a exitência de resultados encapsulados...há um crescimento económico, mas motivado pelo crédito...e isso no longo prazo trará consequências muito, mas mesmo muito negativas para a economia do país em questão. Facto que a nossa própria história revelou...o nosso crescimento nacional no início do séc XVIII foi motivado pelo endividamento à coroa inglesa, que como estudámos, foi o grande motor mundial quer nesse séc, quer no imediatamente seguinte.

Mas é muito importante nós termos a noção que a economia emergente na europa (actualmente é a espanha) estar com um comportamente de consumo privado, 10% acima das suas capacidades orçamentais...interessante, pois todas as semanas somos confrontados com o facto de espanha estar a crescer no PIB 3,4% ao ano e que têm uma qualidade de vida superior, etc, etc, etc...e se calhar, importa ver o que está por trás de toda esta panóplia de números e indicadores.

Por isso não pensem tão mal de nós, nem da nossa situação...abram sim os olhos ao que vos mostram como sendo a verdade absoluta...

fiquem bem...com um copo de rum na mão...eu sei que ficava...

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