"Pontes" de vista!

No meio da lixarada toda que circula no meios de comunicação (nacionais e internacionais) sobre a crise ou sobre a gripe (desta vez é a suína - estão a começar a faltar nomes de animais) deparei-me com um texto bastante interessante do Fernando Sobral, publicado a 04 Maio como artigo de opinião no Jornal de Negócios. Não sou muito de trasncrições mas esta visão acho que merece nem sequer ser alterada ou plagiada :D

"A Dama de Ferro"

Margaret Thatcher foi eleita primeira-ministra britânica há 30 anos. Um mês depois era editado o primeiro álbum ("Unknown Pleasures"), de uma das mais fascinantes bandas britânicas, a Joy Division.

Uma coisa não parece ter nada a ver com a outra. Mas tem:
Thatcher abriu a garrafa para dela sair o génio do capitalismo financeiro.
A Joy Division vinha da cidade histórica do industrialismo britânico, Manchester. Eram duas culturas diferentes. Com Thatcher, a Grã-Bretanha industrial, onde os sindicatos tinham um enorme peso, foi desmantelada, sendo em seu lugar construída uma sociedade financeira representada pela sua City.

Thatcher não era uma política normal. Era uma líder. Daquelas que mudam, para o bem e para o mal, o mundo. Dividiu o seu país e, com Reagan, foi o motor político da globalização financeira que durante três décadas transformou o planeta.Se a sua derrota pessoal foi a "poll tax" (a tentativa de impor impostos regressivos), que acabaria por lhe custar o poder, a sua herança política terminou com a falência do Lehman Brothers, o símbolo do modelo económico e financeiro que legou.

A Dama de Ferro deu lugar a uma Dama Enferrujada. A crise britânica, tal como a americana, tem muito a ver com o modelo criado nesses dias: a economia produtiva foi substituída por um capitalismo de circulação financeira. A Grã-Bretanha deixou de ser um país produtor, para ser importadora de capitais que mantinham o crescimento pelo consumo. Com ela, simbolicamente, Londres desmantelou Manchester. Percebe-se agora a que custo.


Por diversas vezes não concordo com a visão deste cronista mas esta demonstra uma atenção ao pormenor e à génese da questão na qual me revejo e concordo a 100% (se bem que a minha opinião vale tanto como este blog...eheheheh)

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