crescimento natural negativo

Em geografia damos uma coisinha chamada "Pirâmide Etária" e nessa disciplina também aprendemos o que é o crescimento natural (Nascimentos vs falecimentos).

E vai daí, que a tasca até anda atenta (não só ao vinho ou a novas marcas de cerveja) e hoje o tópico de conversa é a informação do INE - Inst. Nac. Estatística que indica que a população Portuguesa entrou em crescimento natural negativo.

Olhando para os dados disponíveis, nas mais recentes séries cronológicas do Instituto Nacional de Estatística (INE), que remontam a 1900, não se encontra outro ano em que em Portugal tenha acontecido o que agora se sabe que aconteceu em 2007: o número de mortes (103.727) superou o de nascimentos (102.213). A diferença é de 1514.

É certo que, para alguns períodos, os dados são apresentados apenas de cinco em cinco anos, mas os anos posteriores a 1990 - cenário de grandes quebras na natalidade - estão lá todos; e, apesar da tendência decrescente do número de nados-vivos, até 2007 os que nascem são sempre mais do que os que morrem.

Dois factores de enorme peso contribuem para esse rumo, lembra: por um lado, a natalidade está em queda e nascem cada vez menos bebés; por outro, o envelhecimento da população vai fazendo aumentar o número de óbitos (há mais "candidatos", uma vez que o grupo dos mais velhos tem um peso cada vez maior).

No ano passado, morreram 103.727 pessoas; tinham sido 101.990 em 2006. Nos últimos dez anos, este valor tem oscilado entre 100 mil e pouco mais de 107 mil, sendo difícil detectar uma tendência.

Especialistas pedem mais apoio à natalidade
As mulheres portuguesas são das que mais trabalham fora da casa na União Europeia. São mal pagas e, muitas vezes, penalizadas por estarem grávidas. Os maridos pouco ajudam em casa. A rede pública de creches e jardins-de-infância é insuficiente e as medidas de conciliação entre trabalho e vida familiar são uma miragem. As razões por detrás da queda de natalidade em Portugal estão identificadas. Urge agora, segundo os especialistas ouvidos pelo PÚBLICO, que o Governo dedique à protecção da maternidade o mesmo empenho que aplicou à redução do défice. Até porque, se nada for feito, dentro de 25 anos Portugal (que já é o sétimo país mais envelhecido do mundo) terá 242 idosos por cada cem jovens, conforme alertou o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Primeiro, as causas. Para a média nacional de 1,36 crianças por mulher que o INE registou em 2006, contribuíram, além dos já apontados, factores como "o clima de pessimismo que leva a que as perspectivas das pessoas poderem ter uma vida melhor sejam muito reduzidas", adianta Mário Leston Bandeira, presidente da Associação Portuguesa de Demografia (APD), que recua até 1983 para apontar no calendário o primeiro ano em que a taxa de natalidade ficou abaixo dos 2,1 filhos por mulher necessários para garantir a substituição de gerações. "Na altura, quase ninguém deu por isso", sublinhou, antes de formular a pergunta que anda na cabeça de todos: "Quando tivermos 30 por cento da população com mais de 65 anos, quem irá pagar as pensões e os cuidados de saúde a que essas pessoas têm direito?". Assim, insiste, fica claro que "sai muito mais barato investir na natalidade do que depois arcar com as despesas de uma população fortemente envelhecida".

Menos filhos a norte
Tradicionalmente mais conservadora, a Região Norte é, actualmente, a região onde as mulheres têm menos filhos, lembrou Mário Leston Bandeira. "O índice de fecundidade é de apenas um filho por mulher, abaixo da média nacional", adiantou aquele responsável.

Explicações possíveis: "O sistema de subsistência na região, muito assente na agricultura e na indústria, entrou em crise e o rendimento das famílias baixou."
"Há 20 por cento de portuguesas em idade fértil que gostariam de ter três ou mais filhos, e só cinco por cento têm", refere a APFN.

Imigrantes podem atrasar envelhecimento do país
Já foi à custa dos imigrantes que Portugal conseguiu passar a barreira dos 10,5 milhões de habitantes.
Durante o ano de 2006, e segundo o INE, 62.332 estrangeiros solicitaram autorização de residência em Portugal. Destes, 46,8 por cento tinham idades compreendidas entre 25 e 39 anos de idade e 14,7 por cento tinham entre zero e 14.

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